A síndrome de tempestade de citocinas (STC) é um grupo de sintomas que podem se desenvolver como efeito colateral de certos tipos de imunoterapia, especialmente aqueles que envolvem as células T. A síndrome ocorre quando as células do sistema imunológico são ativadas e liberam grandes quantidades de citocinas no corpo. As citocinas são pequenas proteínas que atuam como mensageiras celulares para ajudar a controlar a resposta imunológica do corpo. Entretanto, altos níveis de citocinas podem causar aumento da inflamação em todo o corpo. Esses níveis podem ser prejudiciais e interferir em várias funções do corpo. Em casos graves, a STC pode causar insuficiência de órgãos e até mesmo morte.
A STC geralmente se desenvolve dentro de 3-14 dias após a imunoterapia baseada em células T. Muitas vezes, ela começa com febre e sintomas semelhantes à gripe, mas pode piorar rapidamente e causar doença grave.
O tratamento da STC inclui monitoramento e terapia de suporte para controle dos sintomas. Alguns pacientes podem precisar de cuidados intensivos e medicamentos para diminuir a resposta imunológica (medicamentos imunossupressores).
Pacientes em risco serão monitorados por cerca de um mês após uma infusão de imunoterapia. Os pacientes que desenvolvem sintomas geralmente melhoram dentro de 1-2 semanas. A maioria dos pacientes não apresenta problemas de longo prazo por consequência da síndrome de tempestade de citocinas.
Os sintomas da STC são causados por uma resposta imunológica generalizada no corpo. Diversos sintomas podem surgir devido ao acometimento de diferentes sistemas de órgãos. Em alguns casos, a STC pode causar alterações perigosas nas funções cardíaca, pulmonar, renal, hepática e cerebral.
Muitos sintomas da STC podem ter outras causas. A neurotoxicidade e outros efeitos colaterais das terapias imunológicas podem acontecer com ou sem sintomas de STC. A equipe de atendimento realizará testes e monitorará os sintomas para planejar o melhor curso de tratamento.
Sistema corporal afetado | Possíveis sintomas |
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Geral | Febre, calafrios, fadiga, fraqueza, perda de apetite, náusea, vômito, diarreia, dor de cabeça, dores articulares ou musculares, erupção cutânea |
Coração e vasos sanguíneos | Baixa pressão arterial, aumento da frequência cardíaca, batimentos cardíacos irregulares, diminuição da função cardíaca, inchaço e acúmulo de fluidos (edema) |
Cérebro e sistema nervoso | Dor de cabeça, confusão, tontura, convulsões, alucinações, redução da coordenação, problemas de fala ou deglutição, agitação, problemas no controle dos movimentos |
Pulmões | Tosse, falta de ar, diminuição da função pulmonar, redução dos níveis de oxigênio |
Outras alterações e marcadores laboratoriais | Função renal ou hepática reduzida, aumento dos níveis de citocinas no sangue, alteração dos eletrólitos, alteração da coagulação sanguínea |
A síndrome de tempestade de citocinas ocorre após o tratamento com a imunoterapia que ativa as células T para combater o câncer. Essas terapias desencadeiam uma resposta inflamatória imunológica generalizada devido à liberação de citocinas.
No câncer infantil, as imunoterapias mais frequentemente associadas à STC incluem o blinatumomabe e o tisagenlecleucel.
Atualmente, a imunoterapia de células CAR-T no câncer infantil é mais usada em crianças com leucemia linfoblástica aguda recidivada ou refratária (LLA).
O tratamento da STC inclui testes laboratoriais e de monitoramento, tratamento de sintomas específicos e medicamentos para redução da resposta imunológica. A equipe de atendimento irá monitorar a piora dos sintomas e sinais de insuficiência de órgãos. Os tratamentos são baseados na gravidade ou grau da síndrome de tempestade de citocinas. As crianças com doença mais extensa relacionada ao seu câncer estão em maior risco para a STC mais grave.
Os pacientes em risco de STC devem ser monitorados constantemente, especialmente durante as primeiras semanas após a imunoterapia.
O monitoramento para STC inclui:
O atendimento médico para STC se baseia no tratamento dos sintomas específicos do paciente. Alguns pacientes podem precisar de cuidados em um ambiente de UTI.
As terapias de suporte podem incluir:
Pacientes com risco de efeitos no cérebro e sistema nervoso podem receber medicação como levetiracetam (Keppra®) para ajudar a prevenir convulsões que podem ocorrer com a imunoterapia.
Pacientes com STC grave são tratados com medicamentos que neutralizam a resposta imunológica. Estes medicamentos incluem terapias direcionadas para bloquear citocinas específicas, bem como medicamentos imunossupressores mais gerais.
Uma alvo comum de citocinas é a interleucina-6 (IL-6). Os medicamentos mais utilizados para interferir com a IL-6 sãotocilizumabe e siltuximabe.
Corticosteroides como a metilprednisolona ou a dexametasona também podem ser usados para ajudar a reduzir as respostas inflamatórias e imunológicas; eles não têm como alvo citocinas específicas, mas sim uma imunossupressão mais ampla.
Como os medicamentos imunossupressores têm o potencial de interferir no efeito antioncológico da imunoterapia e também têm outros efeitos colaterais, esses medicamentos não são usados em todos os casos.
A equipe de atendimento avaliará os possíveis benefícios e riscos ao decidir o melhor plano de tratamento.
A síndrome de tempestade de citocinas é uma complicação grave que pode ocorrer com a imunoterapia. Os pacientes em risco são monitorados constantemente. Os tratamentos se concentram no tratamento dos sintomas e no suporte às funções dos órgãos.
Seu médico pode ajudá-lo a entender a síndrome de tempestade de citocinas e saber se seu filho está em risco. Sempre converse com sua equipe de atendimento sobre quaisquer preocupações de saúde e relate alterações nos sintomas que ocorrem durante ou após o tratamento.
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Revisado em: março de 2019