Avaliação da dor em crianças

Como a dor é diagnosticada?

A dor não é um sintoma visível, como uma erupção na pele, nem palpável, como um nódulo. Geralmente, a equipe de saúde não saberá que o paciente está com dor, a menos que ele mesmo relate ou, no caso de crianças muito pequenas, que os pais observem comportamentos que indiquem suspeita de dor.

Pacientes e acompanhantes devem ser sinceros sobre os sintomas de dor, para que as causas possam ser identificadas e o tratamento adequado seja definido.

A equipe de saúde fará perguntas sobre como a dor afeta o cotidiano do paciente, como sua capacidade de ir a escola, brincar com os amigos e participar de suas atividades favoritas.

Essas perguntas são conhecidas como avaliação funcional da dor. A equipe pode fazer perguntas como

• A dor interfere nas atividades normais do dia a dia?
• Você acha difícil se concentrar em atividades normais, como ler, brincar com amigos, assistir TV, jogar videogames ou conversar com alguém?
• A dor é tão intensa que faz você limitar ou evitar atividades físicas? 
• É difícil se concentrar em qualquer coisa além da dor?

Os médicos também avaliam a intensidade da dor utilizando uma escala de 0 a 10. A forma que os pacientes relatam a pontuação da dor depende da idade. 

Pacientes com menos de 4 anos de idade

Em pacientes pequenos, é comum utilizar a escala FLACC. Ela se baseia nas observações dos pais.

Pacientes entre 4 e 7 anos de idade

A Escala de Dor FACES® Revisada utiliza expressões faciais para ajudar crianças pequenas a avaliar sua dor na escala de 0 a 10. As carinhas representam quanto algo pode doer. A carinha no canto esquerdo (0) representa sem dor. Enquanto os números aumentam, as carinhas apresentam mais e mais dor. A pontuação de 10 significa que a dor é muito intensa. É solicitado aos pacientes que apontem para o rosto que mostra o quanto estão sentindo dor no momento.

Pacientes com 8 anos de idade ou mais

Crianças, adolescentes e jovens adultos podem classificar a dor usando uma simples pontuação numérica, de 0 a 10, onde zero representa sem dor e 10 representa dor intensa.

Além da pontuação para a dor, o médico classificará o tipo de dor.

A dor física pode ser

• Relacionada a tecidos (nociceptiva): Dor associada à doença, cirurgia ou efeitos colaterais do tratamento, como as feridas na boca. A dor pode ser nos ossos, articulações, músculos, pele ou tecido conjuntivo. Normalmente é descrita como dolorida ou latejante.
• Relacionada a nervos (neuropática): Dor resultante de lesão ou inflamação nos nervos. Frequentemente é descrita como dor em queimação, formigamento ou pontada. Ela acompanha o trajeto do nervo lesionado, podendo ocorrer após cirurgias (como a dor do membro fantasma), por lesão nervosa induzida pela quimioterapia (como os efeitos colaterais da vincristina) ou pela radioterapia.

Os médicos também podem orientar pacientes e familiares a manter um diário, para registrar padrões, como os horários em que a dor é mais provável de ocorrer ou após quais tipos de atividades (ou ausência delas).

A dor também pode ter diferentes causas, e os membros da equipe de saúde podem explorar essas questões junto com a família do paciente. Um capelão ou assistente social pode ser chamado para ajudar a família.

Uma avaliação precisa e detalhada da dor é importante porque ajuda a equipe médica a desenvolver o melhor plano possível de controle da dor.

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