Esferocitose hereditária é um distúrbio do sangue em que as hemácias são arredondadas e se degradam mais rápido do que o normal.
Esferocitose hereditária (EH) é um distúrbio que afeta as hemácias. As hemácias transportam oxigênio por todo o corpo. As hemácias saudáveis têm formato de disco com o centro achatado. Elas são flexíveis e se movem com facilidade pelos vasos sanguíneos.
Pessoas com esferocitose hereditária têm hemácias com formato arredondado, como esferas. Essas hemácias são chamadas de esferócitos. Os esferócitos vivem menos tempo do que as hemácias saudáveis porque se rompem mais facilmente no baço. Isso pode causar baixos números de hemácias (anemia).
A esferocitose hereditária pode causar diferentes problemas em cada pessoa. Os sinais e sintomas podem variar de acordo com os problemas de saúde ou complicações que ela provoca.
A anemia hemolítica é um quadro clínico em que as hemácias se rompem mais rapidamente do que são repostas pelo organismo. Na esferocitose hereditária, os esferócitos se rompem mais rapidamente que o normal, o que leva à anemia.
Sinais e sintomas da anemia hemolítica incluem:
Se a criança tiver icterícia, sua pele e olhos podem parecer amarelados e sua urina (xixi) pode ficar escura.
O corpo produz bilirrubina, uma substância amarelada formada quando as hemácias são destruídas ou se degradam no organismo. Na esferocitose hereditária, o corpo destrói as hemácias mais rápido do que o normal. Isso pode causar bilirrubina em excesso, deixando a pele e os olhos amarelados. A bilirrubina também pode formar pequenos cálculos na vesícula biliar (pedras na vesícula).
O baço é um órgão do lado esquerdo do corpo, abaixo da caixa torácica. Em geral, tem aproximadamente o tamanho de um punho. O baço ajuda a combater certos tipos de infecção e a remover células danificadas e anormais, incluindo os esferócitos. Os esferócitos podem ficar presos no baço, porque são redondos e menos flexíveis do que as hemácias normais. As células presas podem fazer com que o baço fique maior do que o normal.
Se o baço estiver maior do que o normal, a criança pode sentir dor abdominal (na barriga) ou sensação de estômago cheio mais rapidamente depois de comer.
A esferocitose hereditária é, normalmente, herdada (transmitida pela família). Isso significa que o distúrbio é passado dos pais para o filho através de uma alteração (mutação) genética. Mas a criança pode ser a primeira pessoa na família a ter este quadro clínico. A criança pode passar a alteração genética para as futuras gerações.
O médico da criança pode encaminhá-la para um hematologista, que é um médico especializado no diagnóstico e tratamento de doenças do sangue. A esferocitose hereditária é diagnosticada com base no histórico médico e familiar, no exame físico e em exames laboratoriais da criança.
Os exames laboratoriais podem incluir:
Existem outros testes que mostram se a criança tem esferocitose hereditária ou outras doenças do sangue. A equipe de cuidados discutirá sobre esses testes com você.
Algumas pessoas com esferocitose hereditária podem não apresentar sintomas ou apresentar apenas alguns. Não há cura para a esferocitose hereditária. O cuidado foca na prevenção e no tratamento dos problemas causados pelo quadro clínico.
É importante levar a criança regularmente ao hematologista para consultas de acompanhamento, que incluem exame físico e exames de sangue. Exames de imagem, como ultrassonografia, podem ser usados para verificar o baço e a vesícula biliar da criança.
As pessoas com sintomas leves podem não precisar de tratamento. Para outras pessoas que apresentam mais sintomas, pode ser necessário tratamento para controlar as complicações da esferocitose hereditária Esses podem incluir:
A criança pode precisar de uma transfusão de sangue se ela estiver com anemia grave (baixa quantidade de hemácias). Durante uma transfusão de sangue, a criança receberá as hemácias ou componentes do sangue por uma veia.
Se a criança tiver anemia moderada ou grave, ou se o baço ficar muito grande, a equipe de cuidados pode recomendar uma cirurgia para a remoção do baço. O procedimento é chamado de esplenectomia
O baço filtra o sangue e remove hemácias anormais do corpo. A remoção do baço aumenta a quantidade de hemácias e trata a anemia.
Se a criança tiver o baço removido, a equipe de cuidados recomendará vacinas extras e o uso de antibióticos para ajudar a prevenir infecções após a cirurgia.
A criança pode passar por cirurgia para a remoção da vesícula biliar, caso tenha dor ou outros problemas. Este procedimento é chamado de colecistectomia.
A vesícula biliar é um órgão em formato de pera localizado abaixo do fígado. Ela faz parte do sistema digestivo que é responsável por quebrar os alimentos no organismo. O fígado produz um fluido chamado de bile, que também contém uma substância chamada bilirrubina. A bile é armazenada na vesícula biliar antes de ser drenada para os intestinos. Se essa bile endurecer, pode formar pedaços duros (pedrinhas) chamados cálculos biliares..
Os cálculos biliares podem ser dolorosos caso bloqueiem a drenagem da bile. A cirurgia para a remoção da vesícula biliar é a principal forma para tratar cálculos biliares.
A esferocitose hereditária pode ser classificada como leve, moderada ou grave, com base nos sintomas. O prognóstico geralmente é bom, mas depende da gravidade do quadro clínico e como afeta o corpo da criança. Pergunte à equipe de cuidados sobre o prognóstico específico da criança.
A esferocitose hereditária é um quadro clínico para toda a vida, mas há coisas que você pode fazer para ajudar a criança a tratar os sintomas e se manter saudável.
Uma boa alimentação é importante para o corpo funcionar adequadamente. A criança deve comer as porções recomendadas de frutas, verduras, grãos e proteína. Esses alimentos contêm ferro e nutrientes que a criança precisa. A equipe de cuidados pode recomendar um suplemento de ácido fólico.
Certifique-se de que a criança beba água e outros líquidos para ajudar na prevenção de desidratação.
Se tiver perguntas sobre quais alimentos a criança deve comer ou quanto de líquido ela deve beber, pergunte à equipe de cuidados.
Passos simples para reduzir o risco de infecção da criança.
Se o baço da criança tiver sido removido, ela tem um risco de infecção mais alto. Ligue imediatamente para o profissional de saúde sempre que a criança apresentar febre de 38,3 °C (101ºF) ou mais.
A esferocitose hereditária aumenta o risco da criança de crise aplásica. Uma crise aplásica acontece quando a medula óssea para de produzir hemácias repentinamente. Quando o corpo não consegue produzir novas hemácias, ele não consegue repor as células que estão sendo destruídas. A contagem de hemácias pode cair para níveis muito baixos. Isso pode resultar em anemia grave.
Uma infecção comum chamada parvovírus é a principal causa da crise aplásica. Esse vírus pode fazer com que o corpo da criança parar de produzir novas hemácias por um período de 7 a 10 dias. Durante uma crise aplásica, a criança pode ficar pálida e apresentar mais fraqueza ou cansaço do que o habitual. Ela pode ter febre, batimentos cardíacos acelerados ou falta de ar.
Se a criança tiver sintomas de crise aplásica, procure os cuidados médicos imediatamente. O tratamento da crise aplásica pode exigir internação no hospital para realização de tratamentos e exames de acompanhamento. A criança pode precisar de transfusão de sangue ou de outros cuidados médicos. Uma crise aplásica pode colocar a vida em risco se não for tratada imediatamente.
Entre em contato com o profissional de saúde se a criança tiver qualquer um desses sintomas:
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Revisado: Outubro de 2024
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A crise aplásica ocorre quando a medula óssea, de forma repentina, para de produzir novas hemácias (glóbulos vermelhos). Saiba mais sobre os sintomas da crise aplásica e como tratá-la.