Por que compartilhar sua história de câncer na infância

Escrito por Dra. Trisha K. Paul. Leia este artigo em Árabe, Inglês, Francês, Hindi, Polonês, Português, Russo, Espanhol, Ucraniano e Urdu.

Os jovens têm experiências únicas com o câncer. Compartilhar suas histórias pode ajudar a melhorar seu bem-estar.

Como oncologista, pesquisadora e escritora do St. Jude Children’s Research Hospital, tenho estudado como a escrita afeta jovens pacientes com câncer. Trabalho com adolescentes e jovens para ajudá-los a escrever sobre suas experiências e a desenvolver suas histórias pessoais.

Poucos estudos analisaram como a escrita pode afetar os jovens com câncer. No ano passado, minha equipe e eu entrevistamos pacientes após suas experiências em contar histórias para compreender o impacto da escrita.

Foi emocionante saber que muitos jovens com câncer querem contar suas histórias. Muitos até manifestaram interesse em compartilhar as suas histórias com outros pacientes e com comunidades mais amplas.

Por que contar histórias é importante

Os humanos são contadores de histórias. As histórias são uma forma de nos expressarmos. Ouvir as histórias que contamos uns aos outros é uma forma de nos entender melhor.

Contar histórias é como nos comunicamos. Compartilhar pensamentos, sentimentos e experiências pode ser difícil, mas também pode ser terapêutico. Nós nos conectamos por meio de histórias.

Há muitas maneiras de adolescentes e jovens se expressarem e compartilharem suas histórias. Escrever é apenas uma delas!

Como abrir espaço para o adolescente ou jovem escrever sua história

Há muitas maneiras de escrever. Algumas pessoas gostam de escrever em papel em branco ou pautado com caneta ou lápis. Algumas pessoas preferem digitar em um notebook. Muitas pessoas acham que escrever em um aplicativo de telefone é uma maneira fácil de escrever em qualquer lugar. Não há maneira certa ou errada para escrever.

Veja algumas dicas para ajudar um adolescente ou jovem a contar sua história:

• Pergunte se é um bom momento: É importante respeitar se alguém se sente pronto para escrever ou contar sua história. Fazer perguntas ao adolescente ou jovem adulto sobre suas experiências com o câncer pode ser uma forma de convidá-lo a compartilhar sua história.
• Sugira maneiras de ajudar: Todos precisam de diferentes níveis de apoio para contar suas histórias. Jovens com deficiências físicas que têm dificuldade para escrever podem contar com a ajuda de um ente querido que se ofereça para colocar palavras no papel para eles. Outros podem precisar de um ouvido atento ou de acesso a suprimentos como caneta e papel.
• Quem lidera é o escritor: você pode sugerir possíveis tópicos ou sugestões por escrito, mas cada jovem deve decidir sobre o que quer e o que não quer escrever. É importante que eles se sintam à vontade para escrever sobre os tópicos aos quais se sentem atraídos. Nenhum tópico ou sugestão deve ser uma exigência.
• Seja flexível: Escrever sobre o câncer pode ser uma tarefa emocional e difícil. Incentive-os a fazer pausas conforme necessário e a escrever em locais onde se sintam mais confortáveis. Lembre-se que quem manda é o escritor.
• Revisem a história juntos: Pergunte ao adolescente ou jovem adulto se há alguma mudança que ele gostaria de fazer em sua história. Há detalhes que ele gostaria de adicionar para facilitar a outra pessoa a imaginar o que ele vivenciou? Há outras experiências que vêm à mente que ele gostaria de expandir? A revisão é uma parte importante do processo de escrita. Isso garante que um jovem fique satisfeito com o que criou.

Adolescentes e jovens merecem ter a oportunidade de compartilhar suas histórias. Elas podem dar sentido às suas experiências pessoais e processar os momentos incertos e difíceis que podem surgir com o câncer.

Quanto mais abrirmos espaço para os jovens compartilharem as suas experiências com o câncer, mais poderemos aprender com eles.

Dra. Trisha K. Paul

Bolsista em Hematologia-Oncologia
St. Jude Children's Research Hospital

A Dra. Trisha K. Paul é bolsista em oncologia pediátrica e médica de hospício e medicina paliativa no St. Jude. Formada pela Universidade de Michigan, ela cursou medicina na Universidade de Michigan antes de concluir o treinamento em pediatria na Universidade de Minnesota. Atualmente, ela está cursando seu mestrado em Belas Artes em Não-ficção Criativa pela Universidade de Nova York – Oficina do Escritor, em Paris. Sua pesquisa no St. Jude se concentra no estudo do impacto da medicina narrativa, especificamente da escrita e da narração de histórias, em pacientes com câncer na infância e médicos. Ela ministra um curso de graduação em Medicina Narrativa e Desigualdade em Saúde no Rhodes College. Paul publicou o livro Chronicling Childhood Cancer: A Collection of Personal Stories by Children and Teens with Cancer. Ela tem como objetivo incentivar e elevar as vozes dos jovens com câncer e os médicos que cuidam deles.